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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Filme - Cinema Paradiso




  • Dirigido por
    Giuseppe Tornatore
  • Com
    Philippe Noiret, Jacques Perrin, Marco Leonardi
  • Gênero
    Comédia dramática
  • Nacionalidade
    Itália, França

 O filme Cinema Paradiso é mais um presente que os anos 80 me dão, sua historia me traz sensações muito agradáveis e me faz lembrar dos bons tempos do cinema, mesmo não os tendo vivido, nunca imaginei que uma sala de cinema poderia ser tão divertida, aconchegante, polemica, triste e etc. E olha que não estou me referindo a sensação causada pelo filme, muito pelo contrario, me refiro ao ambiente da sala, as pessoas, ao clima e as situações que ocorrem fora da tela projetada.

E é nesse ambiente que se passa boa parte do filme, é onde um jovem garoto apelidado de totó cresce e aprende desde muito cedo a amar o cinema. A historia é simples de certo modo, mas é capaz de trazer tantas emoções que faz tudo parecer muito mais grandioso. Salvatore é um bem sucedido cineasta que a muito não volta para a sua terra natal, mas uma noticia inesperada o faz recordar de toda uma vida passada lá, sua vida. Quando jovem era chamado de totó, presença marcada na sala de exibição da cidade, sempre importunando o responsável pela projeção e muitas vezes fazendo bagunça com seus amigos. Mas esse ambiente o ensinou muita coisa e o vemos crescer e junto dele acompanhamos a historia do cinema e todos somos levados a fazer parte dessa grande festa que é a sala de exibição do Cinema Paradiso.

Nunca tinha visto o cinema como algo tão importante e até mesmo essencial, da forma mais verdadeira chegando a parecer um desejo dos instintos dos homens, ao ser humano, como o vi no filme. Para aquelas pessoas que se juntavam todos os dias para contemplar, digo mais, viver, aquelas historias os filmes e o cinema eram como a trilha sonora de suas vidas, estava sempre presente ali em todos os momentos dando o clima da situação, incrementando os dias, temperando a vida daquelas pessoas. É tudo tão lindo, tudo tão poético que as vezes me parecia uma encenação de um mundo e modos que nunca existiram.

Jamais vivenciei essa experiência na minha vida, o cinema e seus filmes eram apenas uma forma de entretenimento como qualquer outra, diria até que não a principal. O ato de ver filme sempre foi tão formal e careta, sentar em uma poltrona olhar para a frente e esquecer de si e viver o eu do filme. Mas não tem que ser assim, Cinema Paradiso me mostrou que não tenho apenas que me tornar parte do filme mas sim o contrario, o filme tornar-se parte de mim.



A sala do Cinema Paradiso é um resumo muito bem definido de nosso próprio mundo, e seus tipos representam muito bem os do nosso. Temos de tudo acontecendo naquela sala; pessoas dormindo, comendo, brigando, fazendo sexo, correndo, gritando e muito mais. E se fosse nomear os tipos de pessoas seria uma lista grande demais, mas o importante é saber que tudo estava ali, todas as situações da nossa vida sejam das mais bizarras as mais naturais como viver e morrer acontecem dentro daquele ambiente.

O filme é uma declaração de amor, mas não necessariamente ao cinema, e sim ao ato de se assistir e viver o espetáculo projetado. Nos traz uma era dourada da película onde o respeito e a admiração pela sétima arte eram tão grandes quanto qualquer amor ou crença. Nada era banalizado como hoje, ir ver a um filme era um ritual tão importante quanto comer, e certamente aqueles homens e mulheres morreriam mais cedo sem o cinema do que sem seu alimento, mas não me refiro a morte do corpo, mas sim a morte da alma dos sonhos e esperanças daqueles que viam o mundo chegar a seus olhos através de raios de luz filtrados e reproduzidos por uma simples película cinematográfica.


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